sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Especialistas apontam soluções para problemas ambientais provocados pelo descarte de baterias

A destruição ambiental está intimamente ligada a nossa relação irracional com os meios tecnológicos. Comportamento responsável por usos excessivos, que nos impõe ainda a tarefa contraditória de trabalhar para a continuidade desse padrão nocivo. A advertência foi feita pelo empresário e ambientalista, Renato Rollemberg durante o 2º. Seminário Internacional Mobilefest, sobre tecnologia móvel, realizado em São Paulo na primeira semana de dezembro.
Na linha de fogo da argumentação do empresário, o uso dos celulares - cerca de três bilhões ativos no mundo. "Vivemos um modelo auto-esgotável", acrescentou ao debate Karina Bidermann, do Instituto Vivo. No centro da discussão, o antigo problema de gestão de resíduos. Afinal, o que fazer com as baterias usadas de telefones celulares?
As empresas recomendam, para o descarte, as próprias lojas de celulares, que funcionam como pontos de coleta de baterias. Por meio delas esse material é destinado às empresas que promovem a reutilização ou reciclagem dos materiais. Mas, de acordo com especialistas, alguns cuidados simples podem tornar mais longa a vida útil de seu aparelho e de seus acessórios, evitando que entrem tão rapidamente para o famigerado ciclo do lixo.
Utilizar celular, baterias e carregadores conforme instruções dos fabricantes e evitar a compra de produtos falsificados, adquirindo-os em revendas autorizadas são as principais recomendações. Outra dica para o caso de problemas na bateria, é que o usuário procure uma assistência técnica autorizada. Assim, pode-se evitar que o produto seja substituído ou que vá para o lixo. Porém, não é o que ocorre. Boa parte dos aparelhos e baterias continua a ter como destino o cesto de lixo.
De acordo com levantamento realizado pelo IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas resíduos sólidos tóxicos, como as baterias, são responsáveis por aproximadamente 1% do lixo nas grandes cidades. O motivo, segundo analisa o estudo, seria a ignorância quanto à composição perigosa desses materiais e a falta de opções para o descarte adequado. Pilhas e baterias são compostas de metais como mercúrio, cobre, zinco, entre outros, nocivos à saúde humana e ao meio ambiente.
RASPA DE TACHO
Durante o seminário, foi apresentado um projeto de recolhimento de baterias de celular realizado em Curitiba pela Ong SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental. Desenvolvido entre 1999 e 2006, o programa teve como principal ação uma campanha informativa sobre o tema. Para incentivar a entrega de baterias usadas, foram distribuídos brindes aos usuários. A iniciativa, bem-sucedida, recolheu e devolveu aos fabricantes 293.117 baterias. "Cerca de 30 toneladas de material tóxico deixaram de ir para o lixo comum", ressaltou Clovis Borges, presidente da ONG. Além de falar sobre o projeto, Borges criticou debate de ambientalistas sobre sustentabilidade. Termo que segundo ele só confunde. "Por trás da retórica, a conservação da biodiversidade no Brasil e no mundo continua desesperadora, não sabemos, de fato, o que é preservação da natureza", disparou. Por último, chamou a atenção para o atual estado da Mata Atlântica. "Equivale à raspa de tacho", ironizou. Apesar do cenário, não exatamente favorável, há quem mantenha o otimismo. Para Douglas Nadalini, advogado especialista em direito ambiental, o debate legislativo caminha na direção de uma gestão responsável de resíduos. "Existem leis que poderiam ser aplicadas para a questão do descarte de baterias", disse. A partir da resolução nº 257 do Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 1999, tornou-se obrigatório aos fabricantes o recolhimento e destinação de baterias de celulares. A vanguarda em termos de legislação, no entanto, não basta, pois a aplicação dessas leis engatinha. From...Planeta Sustentável

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