O aumento da taxa de juros foi o primeiro em quase três anos:a última elevação dos juros fora em maio de 2005. Na reunião anterior, realizada nos dias 4 e 5 de março, o órgão do Banco Central manteve a taxa inalterada, o que já provocou reações negativas. Mas o pior é que, segundo os analistas das intenções do Copom, o aumento de ontem foi o primeiro de uma série, que pode elevar a taxa em 2 ou até três pontos ao longo deste ano. O próximo encontro do comitê ocorrerá nos dias 3 e 4 de junho.
Única mudança na nota foi para pior
Como de costume, a decisão foi comunicada em uma nota curta, seca e escrita para dificultar sua compreensão. O que fugiu do padrão dos comunicados anteriores foi uma mudança para pior, pois o texto sinaliza novas elevações do juro, embora dizendo que a decisão de hoje é ''parte relevante'' do aumento do juro. Veja a íntegra:
''Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic, para 11,75% ao ano, sem viés. O Comitê entende que a decisão de realizar, de imediato, parte relevante do movimento da taxa básica de juros irá contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência, para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado.''
Oito pessoas decidem a portas fechadas
A decisão sobre os juros, funesta para o futuro da economia nacional e do bem-estar do povo, foi tomada por apenas oito pessoas, nenhuma delas detentora de mandato conferido pelo povo. Veja a lista:
– Henrique de Campos Meirelles, presidente do BC
– Alexandre Antonio Tombini
– Alvir Alberto Hoffmann
– Anthero de Moraes Meirelles
– Antonio Gustavo Matos do Vale
– Maria Celina Berardinelli Arraes
– Mário Gomes Torós
– Mário Magalhães Carvalho Mesquita, todos diretores do BC.
Fundado por FHC para servir aos especuladores
O Copom foi fundado no governo Fernando Henrique Cardoso, em junho de 1996. Desde então tem se mantido como reduto do fundamentalismo monetarista, prejudicando o desenvolvimento nacional em nome de um suposto rigor no combate à inflação. O atual governo Luiz Inácio Lula da Silva não mudou esta orientação: a diferença é que agora o ultramonetarismo do órgão choca-se diretamente com a ala do governo que deseja acelerar o crescimento. A decisão desta quarta-feira aprofunda o isolamento político desse bunker do neoliberalismo.
Nota.: Texto de Bernardo Jofilly do "Vermelho".
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