Não é novidade dizer que os veículos de comunicação não são totalmente críveis, isto é, acreditáveis. É claro que por trás de uma grande (imprensa) empresa sempre há influências, sejam elas políticas ou econômicas. Este fato pode levar determinado profissional a distorcer algo em função de alguém. Por isso, é preciso ficar atento ao que você lê, vê ou ouve não só nos meios massivos, mas em todas as formas de comunicação. Calma, não estou dizendo que tudo que você sabe através da mídia é mentira. Só trago à tona mais uma discussão que merece sempre ser levantada e estimulada: a do senso crítico. O jornal que você lê tem a mesma consideração que você tem com ele ao gastar seu dinheiro comprando-o? Ele realmente faz um jornalismo sério e comprometido com as responsabilidades de um meio de comunicação de massa? Os anúncios vêm tomando o espaço de muitas notícias no jornal? Ele está mais interessado em ganhar anunciantes ou passar informação? Essas e outras perguntas devem ser lembradas para que em nenhum momento você seja alvo de manipulação ou um objeto de lucro qualquer.
Tiradas da coluna de Gonzalo Pereira, do site
Aqui, segue abaixo algumas dicas para avaliar o jornal que você lê. Se ainda não lê, o que está esperando? O mundo está vivendo cada vez mais em velocidades maiores. Você vai ficar para trás? A sociedade de hoje é a sociedade da informação. E Winston Churchill já dizia isso há algumas décadas. Gosto sempre de lembrar do ranking dos homens mais ricos do mundo. Dê uma olhadinha no topo. Lá estarão os grandes empresários de grandes empresas de comunicação.
Enfim, vamos às “dicas”:
1) O seu jornal coloca em primeiro lugar os leitores ou os anunciantes?
Se você perguntar para qualquer pessoa que trabalhe num jornal, a resposta é rápida, e indica os leitores como antecessores dos anunciantes numa lista de prioridades. Mas, de fato, isso acontece com seu jornal? Pegue ele lá, na versão impressa, e avalie: A capa está livre de anúncios? Sim, porque se as notícias são o objetivo de existir de um jornal, e o fato pelo qual eles são comprados, pelo menos a capa deve estar livre de anúncios. E pensar que tem jornal por aí que vende espaço até ao lado do logotipo do próprio jornal. Seria como assistir ao Jornal Nacional com o Bonner e a Bernardes usando macacões de pilotos de Fórmula 1, com dezenas de marcas de anunciantes.
2) O número de páginas editoriais varia (para menos) quando existe um acréscimo de anúncios?
Se a resposta for “sim”, isso significa que o jornal está abrindo mão de notícias para favorecer anúncios. Traduzindo: mais vale um anunciante satisfeito que um leitor saciado de informação.
3) Seu jornal abre espaços para a participação do leitor?
Entenda aqui “espaços para a participação do leitor” como algo que vai muito além da seção de cartas. Por exemplo: o jornal faz matérias a partir de sugestões dos leitores? E se faz isso, quando faz indica o nome do leitor, informando que a matéria tal foi sugerida pelo leitor Fulano? Na seção de cartas, aparecem cartas que criticam o jornal? Aparecem cartas que contrariam a linha editorial do jornal? Um exemplo: são publicadas cartas criticando ações da Prefeitura e do Governo do Estado?
4) O jornal que você costuma ler lhe apresenta “micronotícias”?
Aqui, entenda-se “micronotícias” como aquelas que são muito importantes para apenas uma parcela dos leitores. Exemplificando: resultados de sessões do Tribunal do Júri (elas acontecem semanalmente, sabia?); informações sobre o que as Associações de Moradores dos Bairros estão fazendo; relatórios sobre número de multas emitidas pelos “pardais”, indicando os que mais multam e o tipo de irregularidade constatada; entre outros exemplos. Se o jornal que você lê tem circulação estadual, ele deve (ou deveria) fazer um “zoneamento” destas informações, mantendo o espaço fixo, e modificando as informações conforme a circulação.
5) Os editoriais de seu jornal são vigorosos?
Eles tratam de temas locais? Sim, porque é muito fácil criticar os governantes nacionais e deixar sem críticas os governantes e representantes políticos que estão próximos. Eles indicam de que forma o leitor pode agir para modificar uma situação que lhe é desfavorável? Ou apenas criticam superficialmente?
Agora, e com as respostas às cinco questões acima, que tal construir uma resposta para a pergunta “O jornal que eu leio atende às minhas necessidades?”
Para finalizar, o merecido e obrigatório crédito ao autor dos cinco tópicos acima, destacados entre outros tantos que ele indica, e adaptados à realidade local, visto tratar-se de um autor estrangeiro. Quem as faz é Philip Meyer, experiente jornalista e professor de Jornalismo da Universidade Chapel Hill, da Carolina do Norte, nos EUA. Autor de livros como “A Ética no Jornalismo” e “Os Jornais Podem Desaparecer?”.
From Descência do Indescente. Será que depois de ler essas questões, terá ainda algum jornal pra você ler? E nestas eleições fique de olho, não se deixe enganar.