quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Corneteiro de Pirajá!

Pra reavivar a memória e transportá-la para os dias atuais, onde ainda precisamos de vários corneteiros, para vencermos essa grande barreira de levarmos conhecimeto à aqueles que ainda acreditam em contos da carochinha...Em 1815, a batalha de Waterloo acabava de vez com o furacão napoleônico. Ocupado pelos franceses, Portugal mantivera sua legitimidade trazendo a família real para o Brasil, estratégia que tornou o Rio de Janeiro a capital do reino. Com isso, os portugueses criavam uma situação inusitada: o “Portugal europeu” virava uma colônia do “Portugal americano” e o Brasil era elevado à categoria de reino unido. De jure, não éramos mais uma colônia portuguesa, situação que trouxe como conseqüência a abertura dos portos. Chegando ao Brasil como príncipe regente, dom João 6º – que foi coroado aqui após a morte de sua mãe, a rainha Maria 1a de Portugal – não queria voltar para a Europa. Ele nutria o desejo secreto de transferir a capital de Portugal para o Brasil. Em 1820, depois de cinco anos de ditadura militar – período em que um general inglês ocupou o trono de Portugal, vazio após o fim da ocupação francesa – os portugueses se revoltaram, elegendo uma Constituinte e promulgando uma Constituição que reconhecia dom João 6o como chefe de estado, intimando-o a voltar ao país e assumir o trono. Resignado, o monarca retornou a Portugal, deixando aqui seu filho Pedro, o herdeiro do trono, a quem instruíra para promover a nossa independência – que estaria melhor nas mãos dele do que de aventureiros, como acontecia com nossos vizinhos de continente. Para garantir o filho que ficava no Brasil, ao retornar a Portugal dom João deixou aqui as guarnições portuguesas que vieram com ele em 1808. Proclamada a independência em 1822, na Bahia o general português Madeira de Mello – considerando o gesto uma traição a Portugal – decidiu resistir à emancipação. O Brasil ainda não tinha uma força armada, e Portugal mantinha suas guarnições aqui. Para enfrentar o general Madeira de Mello, que contava com tropas veteranas em batalhas européias, dispúnhamos basicamente de alguns voluntários bisonhos, que nunca haviam recebido batismo de fogo. Os nossos veteranos eram poucos. Entre eles havia um corneteiro, Luis Lopes – um negro experiente em toques de comando. Mesmo assim, esse exército marchou para a Bahia, enfrentando as tropas portuguesas na batalha de Pirajá, disputada no Recôncavo Baiano. É óbvio que os portugueses levaram vantagem.
A batalha começou de manhã e durou o dia inteiro. Ao cair da tarde, o sol se punha atrás das linhas brasileiras, cegando os olhos do exército português. Um major – o oficial brasileiro mais graduado na linha de frente – avaliando ser inútil resistir aos portugueses, resolveu admitir a derrota, ordenando ao corneteiro Luis Lopes o toque de retirar. No entanto, em vez de tocar a retirada, ele dá o toque de avançar. Diante da vantagem que tinham, ao escutarem o toque de avançar – e sem poderem enxergar com nitidez as linhas brasileiras por causa do sol poente – os portugueses concluíram que nossas tropas estavam recebendo reforços, e então debandaram. De derrota, a batalha de Pirajá se converteu em vitória em 2 de julho de 1823, data em que a guarnição portuguesa se rendeu aos brasileiros, seus filhos insurretos. E o que dizer desse herói, o corneteiro de Pirajá? Vamos reverenciá-lo, porque ele merece. From Visão e BR Rotário.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito boa a historia